O
escritor e sociólogo italiano Domenico de Masi conquistou corações e mentes
quando defendeu veementemente que a tecnologia seria uma aliada importante na
redução do tempo de trabalho e na ampliação dos períodos de lazer.
Com o seu livro “O ócio criativo“, lançado no Brasil a mais de uma década, o escritor vislumbrava que a indústria e o trabalho não seriam mais o centro de tudo. Com a tecnologia otimizando o tempo, poderíamos trabalhar apenas de3 a 4 horas por dia com a mesma
produtividade das 08 horas habituais e reservar um período maior para o lazer.
Com o seu livro “O ócio criativo“, lançado no Brasil a mais de uma década, o escritor vislumbrava que a indústria e o trabalho não seriam mais o centro de tudo. Com a tecnologia otimizando o tempo, poderíamos trabalhar apenas de
Ledo engano, a idéias de Domenico não
se comprovaram. Pelo contrário presenciamos que o uso da tecnologia acabou por
ofertar uma maior carga de atribuições. Leva-se trabalho para casa no
pen-drive, baixa-se arquivos em downloads no laptop ou celular. Toma-se café
enquanto se acessa o jornal on line e verifica-se o correio eletrônico. A
atividade física diária é praticada e ao mesmo tempo atende-se telefone,
envia-se sms. O tempo reservado ao trabalho e os tempos da vida privada, entre
os tempos de atividade e os tempos de descanso, deixou de existir. Ficou tudo
misturado e muito mais controlado.
Você pode ser encontrado a qualquer
hora, independentemente do período estipulado em seu contrato de trabalho. Ao
cumprir o seu horário e “fechar a porta” do local de trabalho, não há a
imediata separação de ambientes, o acesso é instantâneo e a produtividade não
para nunca. O sistema é imperativo e nem quer saber se o outro está a fim.
Imaginava-se tal cenário em grandes metrópoles, mas cada vez mais, faz parte do
cotidiano de pequenas comunidades do interior.
E nessa onda maluca da conectividade e
sempre estando fazendo algo produtivo, vamos percebendo que acabamos por não
saber ao certo o que estamos vivenciando nas partes que compõem o dia a dia de
qualquer cidadão urbano ou rural. Vivendo na velocidade do futuro, escravo da
tecnologia e dependente da aparelhagem do presente.
Na Itália, algumas cidades estão investindo
esforços em habituar as pessoas a fazer as coisas no seu devido tempo. Nas denominadas
“Cidades do Viver Bem” (Globo Repórter 03/12/2010), os munícipes são
incentivados a definir e viver o tempo de trabalhar, de se alimentar, vivendo
de forma mais lenta, valorizando hábitos saudáveis e a cultura local.
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